Olhando para a paisagem de Cabanelas, podemos com facilidade visualizar locais de extração de barro, os barreiros, sendo que alguns desses locais são agora lagos artificiais. Ao longo dos séculos esta freguesia e as suas vizinhas, Prado, Freiriz, Parada de Gatim, Oleiros, Cervães e Escariz, foram locais muitíssimo importantes de produção de louça de barro (a mais conhecida, a louça preta de Prado), de telha e tijolos. No lugar do Estirão ainda se pode observar o antigo edifício da “Empresa Cerâmica do Minho” com a sua imponente chaminé. O edifício encontra-se abandonado e em degradação acelerada, mas ainda podemos perceber a grandiosidade desta empresa. Ao longo da sua existência teve uma enorme importância para a região, dando emprego a muitas pessoas. Produzia diversos tipos de tijolo e outras peças utilitárias. Laborava de dia e de noite. Em 1999, já tinha encerrado portas.
Os terrenos à volta da fábrica eram barreiros que ainda há poucos anos se encontravam em atividade.
Atualmente, o único testemunho vivo desta antiquíssima atividade oleira é a fábrica fundada por João de Sousa Gouveia no final da década e 80 (Em 1988 solicitou à Câmara Municipal o projeto para a construção da fábrica que seria para a produção de louça vidrada e grés). Esta fábrica dedica-se atualmente, essencialmente à produção de artigos para casa e jardim e exporta principalmente para a Alemanha, Bélgica, Inglaterra e Países Baixos.
O nome “O Francês”, era a alcunha que João Gouveia recebeu devido a ter vivido em França. Ainda bebé foi levado pelos pais para aquele país. Regressaram quando tinha 8 anos. Desde muito novo começou a trabalhar no barro, inicialmente a extrair dos barreiros a matéria-prima. Mais tarde, criou a sua primeira fábrica – O Francês ou como vulgarmente lhe chamavam a telheira. Esta fábrica laborou desde os anos sessenta, até à primeira década do século XXI. Produzia essencialmente telha de canudo e tijolo refratário. Inicialmente o processo produtivo era manual, desde a extração do barro e a sua preparação, até à cozedura. Antes de entrar para o forno, as telhas e os tijolos eram colocados a secar ao sol. O forno era parecido com os de cozer pão mas de dimensões muito superiores. Era aquecido com qualquer tipo de lenha.
Existem ainda vestígios e memórias da existência de várias unidades de trabalho artesanal no barro, sobretudo produção de telha de canudo que terá sido uma atividade económica importante para a sobrevivência de muitos agregados familiares.